ENCRUZADO
Casta cultivada tradicionalmente no Dão, onde é a casta branca de excelência. Apresenta um traçado histórico relativamente recente, com pouco mais de 50 anos. Talvez por isso, a casta regista apenas cerca de 250 hectares de vinha, atrás de outras castas representativas do Dão, como a Malvasia Fina ou mesmo a Bical.
Hoje em dia encontra-se pontualmente cultivada noutras regiões. Casta de produção média e regular, é pouco suscetível ao stress hídrico, mas é medianamente suscetível ao desavinho, míldio, oídio e cigarrinha verde. Sensível à erinose e podridão dos cachos. Adapta-se a qualquer tipo de poda, mas a sebe é de difícil condução. Os lançamentos quando novos quebram facilmente com o vento. Prefere solos derivados do granito, profundos e secos. As gavinhas situam-se no entrenó e a sua maturação situa-se em época média.
Os vinhos de cor citrina, são aromáticos, finos e elegantes. Na boca sobressai além da complexidade, um grande equilíbrio entre álcool e acidez. Dá origem a vinhos com longevidade e capacidade para o envelhecimento.


MALVASIA FINA
A Malvasia Fina é tradicionalmente cultivada no Douro, Dão e Madeira. É uma casta muito antiga, no entanto, a sua origem é desconhecida ou provavelmente será romana, ou mesmo grega, uma vez que já era referida no séc. XIV. É uma casta pertencente a uma “família” alargada, na qual se conhecem pelo menos outras 12 Malvasias.
A sua produção é média a elevada e regular. Muito sensível ao stress hídrico (engelhando o bago e perdendo folhas). Suscetível à carência de magnésio e boro, é sensível ao desavinho, oídio e podridão dos cachos e é medianamente sensível ao míldio e cigarrinha verde. Adapta-se a qualquer tipo de poda. Prefere solos profundos, mas bem drenados. Em zona marítima com solo fértil, aconselha-se porta-enxerto com vigor moderado e a sua maturação é precoce.
Os vinhos são elegantes e finos, mas com pouca intensidade e complexidade, tanto no aroma como no gosto, mas apresentam bom potencial para o envelhecimento.
É essencialmente uma casta de lote que, nas regiões mais frescas e quando vindimada cedo, funciona como base para espumantização, com provas dadas nas regiões de Távora-Varosa e Lamego.
Nos solos graníticos, pobres e bem drenados da Santar Vila Jardim, encontra as condições ideias para expressar todo o seu potencial.
ALVARINHO
A casta Alvarinho é uma casta branca originária da bacia do rio Minho e é cultivada predominantemente nas sub-regiões de Melgaço e Monção, nas quais se revela e atinge o máximo das suas potencialidades, mas atualmente é cultivada um pouco por todo o país. É, também, a casta predominante nas Rias Bajas (Galiza).
Casta medianamente vigorosa, mas bastante rústica. Com um elevado índice de fertilidade, apresenta com frequência 3 inflorescências por lançamento, dando origem a cachos muito pequenos, alados e medianamente compactos, o que a torna uma casta pouco produtiva. Exige terrenos secos para potenciar a qualidade do vinho a que dá origem, facto que associado à natureza ácida dos solos em que é cultivada a torna bem-adaptada ao porta-enxerto 196-17. Porta-enxertos como o S04 ou o R99, poderão usar-se em conformidade com o terreno (respetivamente mais fresco e mais seco). As uvas quando bem maduras atingem níveis elevados de açúcar, mantendo elevada acidez.
Produz vinhos com boa estrutura, elegantes, com uma acidez viva, com predomínio de fruto cítrico e por vezes tropical. O aroma é intenso, distinto, delicado e complexo, que vai desde o marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá e líchia (carácter frutado), a flor de laranjeira e violeta (carácter floral), a avelã e noz (carácter amendoado) e a mel (carácter caramelizado). O sabor é complexo, macio, redondo, harmonioso, encorpado e persistente. Embora consagrada na produção de vinhos tranquilos – os mais distintos da Região – tem também revelado excelentes resultados em espumantes e aguardentes.


TOURIGA NACIONAL
É considerada a mais nobre casta tinta portuguesa e devido às suas qualidades, ocupa já áreas consideráveis na Europa, Austrália e Estados Unidos, em especial na Califórnia. Em Portugal é cultivada um pouco em todas as regiões vitivinícolas, desde o Douro ao Alentejo e Algarve. Contudo, é talvez na região do Dão que manifesta toda a sua categoria.
A maior heterogeneidade genética das características quantitativas e qualitativas que apresentam os clones originários do Dão, em relação aos clones do Douro, levam a crer que a sua origem estará na região do Dão, sendo colocada a hipótese de ser originária da casta “Tourigo”.
É uma casta de cacho pequeno e alongado, os bagos de polpa rija, não corada e de sabor peculiar, são pequenos arredondados e de película negra-azul revestida de forte pruína. É uma casta de produção média, podendo ser elevada com materiais selecionados e condução adequada. Pouco suscetível ao míldio, oídio e cigarrinha. Medianamente suscetível à carências de magnésio e à podridão cinzenta. Suscetível à escoriose, stress hídrico e térmico, perdendo frequentemente folhas nestas condições. É uma casta muito exigente em termos de armação/condução e tem a sua maturação em época média.
Origina vinhos encorpados e complexos, de qualidade muito elevada, onde sobressai o aroma lembrando frutos pretos e flores silvestres, com elevada capacidade para o envelhecimento. Em conjunto com as castas Tinta Roriz, Jaén e Alfrocheiro, está na região do Dão, associada à produção de vinhos multivarietais.
Na Casa de Santar (Santar Vila Jardim), encontra o terroir ideal para expressar toda a sua classe e quando conjugada com pequenas quantidades da casta Alfrocheiro, origina vinhos ainda com mais finésse. Aqui, quando combinada também com a casta Merlot dá origem a vinhos de grande complexidade e elegância.
ALFROCHEIRO PRETO
A casta Alfrocheiro tem a sua designação relativamente recente (posterior a 1909), o que poderá levar a crer que no passado, esta casta teria outro nome ou seria mesmo originária doutro país. É, também, conhecida por Tinta Francesa de Viseu (Pereira e Duarte, 1986), o que
poderia induzir a interpretação errada sobre a sua origem. No entanto, embora exista em coleções ampelográficas estrangeiras, nunca lhe foi detetada sinonímia com castas forasteiras.
Atualmente é cultivada na Bairrada, Ribatejo, Alentejo e tradicionalmente no Dão, donde presumivelmente é originária e onde expressa todo o seu potencial.
É uma casta de porte ereto, de médio vigor e com alguma tendência para o desenvolvimento de netas. É medianamente produtiva e de maturação precoce. Muito suscetível ao oídio, podridão cinzenta e cigarrinha verde. Também é sensível ao stress hídrico, à carência de boro e ao escaldão. Sendo muito fértil, mesmo nos gomos basais, recomenda poda curta, embora se adapte a qualquer tipo de poda e prefere solos arenosos e pouco férteis, não se adaptando bem a solos compactos e argilosos.
Origina dos vinhos mais corados do Dão, de cor granada intensa com reflexos violáceos, aroma vinoso e frutado com bom equilíbrio ácido, de sabor encorpado, delicado e persistente.
Apresenta bom potencial para envelhecimento, principalmente quando feito em madeira nova de carvalho. É uma casta multifacetada, sendo mesmo possível a obtenção de espumantes de elevada qualidade.
Nas condições edafo-climáticas, de Santar Vila Jardim, de solos graníticos pobres, expressa todo o seu potencial e permite conjuntamente com as outras castas do encepamento a obtenção
de vinhos de elevadíssima qualidade e de grande elegância.


ALICANTE BOUSCHET
A casta Alicante Bouschet, foi obtida por Henry Bouschet em França em 1855, na região do Languedoc e é proveniente do cruzamento “Petit Bouschet x Grenache”, sendo também conhecida por Alicante Henry Bouschet. Atualmente é cultivada principalmente em Espanha e Portugal, sendo aqui que expressa maior notoriedade, em especial no Alentejo. É uma casta tintureira, de elevada produtividade e de maturação tardia. Apresenta alguma resistência ao oídio, mas é sensível ao míldio, antracnose, escoriose e a outras doenças do lenho.
Não se adapta a solos férteis e a climas frescos, por originarem deficiente maturação das uvas. Apesar de ser vigorosa exige poda curta, devido à sua elevada fertilidade. O excesso de produção agrava a sua sensibilidade ao stress-hídrico.
Origina vinhos muito concentrados de cor (retintos), ricos em substâncias fenólicas, com aroma vinoso bem evidente, lembrando compota de ameixa bem madura.
Nos solos pobres de Santar Vila Jardim e no clima desta zona do Dão, encontra condições para uma excelente maturação, desde que não apresente produção excessiva.
MERLOT
A casta Merlot, descendente de Cabernet Franc, tal como as castas Carmenère e Cabernet Sauvignon, teve a sua origem em França, na região de Bordéus, sendo a primeira referência à sua utilização na elaboração de vinho na região bordalesa, datada de 1784.
Conjuntamente com Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon faz parte dos lotes clássicos de Bordéus. Posteriormente espalhou-se pelo mundo, sendo atualmente uma das castas tintas mais cultivadas a nível global. O seu grande sucesso a nível mundial, deve-se em parte à sua grande adaptabilidade a diferentes tipos de solos e climas, como por exemplo a climas frios e a solos áridos, argilosos e até rochosos permitindo de modo geral excelentes níveis de maturação. É uma casta de cachos de tamanho médio, e de bagos com uma coloração azul violácea de película fina. A sua maturação é precoce e as suas uvas apresentam grande concentração de açúcares, resultado da intensa coloração verde da sua folhagem e das elevadas taxas fotossintéticas. Origina vinhos com elevada graduação alcoólica e poucos taninos, extremamente frutados, com notas de frutas vermelhas como cereja e framboesa. Semelhante ao vinho Cabernet Sauvignon, mas não tão intenso, produz vinhos encorpados, ricos em cor e pouco ácidos, com aromas complexos e elegantes. Na boca, os seus vinhos normalmente apresentam textura macia e bastante aveludada.
No terroir da Casa de Santar e Magalhães, a casta Merlot encontra um dos seus lugares de eleição para expressar todo o seu potencial. De facto, o clima mediterrânico de Santar, com alguma influência continental, de dias quentes e noites frias durante a maturação, associado aos solos de origem granítica, bem drenados, de baixa fertilidade e de baixa reserva hídrica, permitem que esta casta amadureça sob stress hídrico moderado, que potencia toda a sua elegância e características enológicas. Tal como noutros locais, é uma casta que funciona muito bem em lote, por exemplo com Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc (em Bordéus) ou com Sangiovese e mesmo Syrah (na Toscânia), também em Santar, a sua conjugação é perfeita com a casta tinta rainha da região do Dão e a bandeira de Portugal no mundo: a Touriga Nacional.
